Geral,  Projetos Literários

Esqueça um livro e faça a diferença

Já pensou em estar andando na rua, no metrô ou em qualquer outro lugar comum em seu dia a dia e se deparar com um livro “esquecido”? Ali, dando sopa, só esperando pelo leitor sortudo, quem sabe você, que irá encontrá-lo? Pois é isso o que o jornalista Felipe Brandão propõe com o seu projeto Esqueça um Livro. A iniciativa, desenvolvida em 2013, caiu no gosto do público e, para a surpresa de seu criador, obteve resultados tão positivos que o dia 25 de janeiro deste ano foi instituído como o “Dia Nacional do Esqueça um Livro”. A ideia, ele explicou, é uma vontade antiga sua, baseada no BookCrossing, que faz sucesso nos Estados Unidos.

“Eu já conhecia esse conceito, que surgiu nos EUA em 2011, e já tinha ouvido falar porque sempre trabalhei nesse mercado e morei lá há alguns anos”, contou Felipe ao Vai Lendo. “Fiquei apaixonado pelo ideia e, quando tive oportunidade resolvi fazer. Então, no ano passado, trabalhando em editora e cheio de livros em casa, pensei que havia chegado a hora. Criei a página no Facebook, pois seria mais fácil achar adeptos para a causa. Mas não esperava que fosse crescer tanto assim. Os blogs ajudaram muito nessa etapa de divulgação; os jornalistas entravam em contato porque liam nos blogs. Com isso, o projeto foi ganhando força, e as pessoas começaram a aderir, a mandar fotos”.

Felipe Brandão, idealizador do projeto, no "Dia Nacional do Esqueça um Livro"/ Divulgação/Facebook/Camila de Oliveira
Felipe Brandão, idealizador do projeto, no “Dia Nacional do Esqueça um Livro”/ Divulgação/Facebook/Camila de Oliveira

E coloca força nisso. Atualmente, a página “Esqueça um Livro” já possui mais de 17 mil curtidores e adeptos de vários cantos do Brasil, além de uma parceria com o portal “Catraca Livre”, que ajudou a realizar e a instituir o “Dia Nacional do Esqueça um Livro”. Logo no início, Felipe explicou, 600 livros foram disponibilizados por um doador anônimo para serem esquecidos. Depois, porém, a iniciativa tomou uma repercussão inesperada – segundo o próprio afirmou, ele nem esperava que as pessoas “saíssem de casa” -, com dezenas de voluntários em plena Avenida Paulista prontos para participar do projeto. Em seguida, as editoras começaram a procurá-lo para doar alguns de seus títulos e, no final, o jornalista contabilizou e levou mais de mil obras para a ação. E é exatamente essa vontade “aleatória”, essa procura natural que ele apontou como um dos principais requisitos de sua ideia.

"Dia Nacional do Esqueça um Livro" na Avenida Paulista/Divulgação/Facebook
“Dia Nacional do Esqueça um Livro” na Avenida Paulista/Divulgação/Facebook

“Desde o começo, como eu trabalho no mercado editorial, tive a preocupação de não parecer jogada de marketing. Sempre me preocupei em não falar com as editoras para não dar mais peso para uma ou outra. Então, quando eles começaram a entrar em contato, vi que o interesse era genuíno mesmo. E não importa se tenho 10 pessoas curtindo a página. O que eu quero e espero é que as pessoas que estão ali gostem, de fato, do projeto”, afirmou.

Para Felipe, que tenta ler, em média, três títulos por mês, o resultado mais importante dessa iniciativa é justamente cultivar e incentivar o hábito da leitura, sem preconceito de gênero, pois os livros, ressaltou, são imprescindíveis para a educação e a conscientização da sociedade.

“As pesquisas indicam que o brasileiro tem lido menos, mas, em contrapartida, eu vejo muitas pessoas lendo no metrô, por exemplo”, explicou. “Sempre vejo alguém com um livro, então, aos poucos, acho que a gente pode conseguir mudar essa realidade. O projeto, além de outros, ajuda nessa mudança. Ela vai ser gradativa. Eu acho que as pessoas têm que ter a oportunidade de ler o que elas quiserem, sem esse preconceito literário. O hábito da leitura a gente aprende, adquire. Eu comecei a me interessar mesmo depois de adulto, quando trabalhei numa livraria. Temos um caminho longo pela frente, mas, se cada um fizer a sua parte, se conseguirmos mudar a educação, nos tornaremos cidadãos mais conscientes”.

Após mais de 1.500 livros esquecidos e com a iniciativa repercutindo em todos os cantos, a ideia é permitir que cada vez mais cantos do país façam parte do projeto e que leitores de todo o Brasil possam interagir e trocar suas experiências de “esquecimento”.

Mais de 1.500 livros já foram esquecidos/Divulgação/Facebook
Mais de 1.500 livros já foram esquecidos/Divulgação/Facebook

“A ideia da pagina é justamente encontrar essas pessoas, quem esquece e quem encontra”, ele disse. “Lá é um ponto de encontro. A graça é saber onde encontrá-las. Eu fico muito feliz porque as pessoas têm criado projetos a partir da minha iniciativa, relacionados à leitura. Isso é muito gratificante; saber que você está causando impacto em pessoas que nunca viu. Você fala com alguém do Amapá, Roraima, e essas pessoas falam que estão participando do projeto. O objetivo, agora, é que, quando houver outras intervenções, eu separe pessoas de outros lugares para que possamos contar com o apoio de mais gente para que elas possam receber os livros em suas cidades, para que o projeto seja simultâneo. É uma ideia muito simples, mas acho que ideias simples podem fazer a diferença”.

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

2 Comentários

  • Lucilene Machado Dias Narciso

    Boa noite Felipe Brandão ,amei o seu projeto e me identifico completamente com essa certeza de que os livros mudam vidas eu me sinto desafiada a contribuir nesse despertar de sonhos em uma geração que tem tanta sede em aprender.eu mesma estou cursando pedagogia e temos a alegria de uma vez por semana ter a sala de leitura na escola onde estagio,e é sublime ver a doçura no olhar de cada criança,o interesse de cada uma delas ao ouvir as histórias ali contadas.Elas não se cansam é um livro atrás do outro .”pro lé pra mim” eu sonho em ter uma biblioteca no meu bairro e poder contribuir com a educação e começar através da leitura é maravilhoso.

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