A Garota do Cemitério, de Charlaine Harris e Christopher Golden | Resenha
‘A Garota do Cemitério’: uma HQ surpreendente e bastante reflexiva
Eu vi no Skoob que o nome do livro é Os Impostores, volume 1 da série A Garota do Cemitério, de Charlaine Harris e Christopher Golden, ilustrado por Don Kramer e publicado pela Editora Valentina, mas, desde o primeiro momento em que eu vi o livro no catálogo digital da editora, eu chamei de A Garota do Cemitério como se fosse esse o título do livro – na verdade, é da série – e é assim que eu vou chamar. Acostume-se.
Eu peguei o livro pensando que seria um thriller de arrepiar, com assassinatos e pessoas vendo almas penadas…
E foi exatamente isso o que eu consegui. Estou muito satisfeita. Adoro quando um livro alcança as minhas expectativas.
Mas se você, olhando a capa e o título, achar que se trata de uma HQ de super-herói, esquece. Não tem nada a ver.
Vamos, então, a uma rápida sinopse da obra.
Uma adolescente morta é jogada em um cemitério… Ah, não. Espera. Ela não está morta.
Depois da tentativa de assassinato, ela acorda entre as lápides, sem nome, sem passado e sem memória, sabendo apenas que alguém a queria morta.
Ela adota o nome de Calexa e, decidida a não chamar a atenção de seu assassino, seja lá quem for, faz do cemitério o seu lar. Como se não bastasse morar em um cemitério e dormir em mausoléu – imagine que animado –, Calexa descobre que é capaz de ver as almas dos mortos no momento em que seus corpos são enterrados.
Resumindo: alguém tentou matá-la, ela não faz ideia de quem foi, nem de onde veio, nem o que aconteceu para ela terminar ali, mora em um cemitério e vê gente morta. É muita emoção!
É claro que alguma coisa vai dar errado e a situação da coitada da Calexa vai ficar ainda mais complicada, porque, do contrário, não teria graça.
Se você quer saber o que acontece, eu sugiro que leia A Garota do Cemitério. É bem bacana.
Se eu tivesse que dizer a característica mais marcante do livro, seria o mistério, porque fiquei durante toda a leitura cheia de perguntas. Novos questionamentos surgem, alguns são respondidos, mas muitos são mantidos em segredo. Normalmente, eu não gosto quando o livro termina e eu fico com mais perguntas do que respostas; eu acho que o autor tem que esclarecer algumas coisas. Mas, desde a primeira página até a última, a pergunta mais importante se mantém: quem é a Calexa? Essa é uma pergunta crucial. Eu diria que é a mais importante de todas e é a que mais se mantém.
Incrivelmente, isso caiu como uma luva no livro, porque a história em si pede por isso.
Enfim, eu achei a história muito bem feita e coerente com a proposta – sem falar que realmente conseguiu me entreter e me prender até o final.
O interessante de uma HQ é que o leitor acaba tendo que fazer duas leituras: do texto escrito e das imagens. Ambas as linguagens têm que se completar. E eu vi isso em A Garota do Cemitério.
Uma das coisas que eu achei legal em A Garota do Cemitério foi que a equipe conseguiu dar um toque sombrio à obra, mas, ao mesmo tempo, não deixou a história se transformar em um terror digno de gritos aterrorizados. Na verdade, eu achei a obra muito mais reflexiva do que assustadora – a bem da verdade, eu nem achei assustadora.
Eu gostaria de fazer um adendo para aqueles que forem pegar essa HQ para ler. Se você espera uma história cheia de ação, terror e suspense… cara, não vai ser isso que você vai encontrar em A Garota do Cemitério. Esse primeiro volume tem muito mais reflexão do que ação – pelo menos, eu achei –; e grande parte disso vem da própria Calexa, que reflete o tempo todo sobre a situação dela e pergunta para si mesma o que aconteceu e o que está acontecendo. Dá para perceber que ela não tem controle sobre a própria vida e realmente não se conhece. Acho que isso pode fazer com que alguns leitores achem o livro parado e, talvez, até vazio demais.
Mas, bem, eu gostei. E acho que os próximos volumes prometem bastante.
Quanto ao trabalho da editora, não tenho absolutamente nenhuma reclamação. Nenhuma mesmo nem nenhum comentário, porque eu realmente acho que fizeram um excelente trabalho. A Valentina está de parabéns.
A Garota do Cemitério não superou as minhas expectativas, mas conseguiu alcançá-las e de um jeito bastante inusitado. É uma história interessante, misteriosa, com uma protagonista que tem muito a oferecer. Eu recomendo a leitura.