Resenhas

Aika – Canção dos Cinco, de Lúcia Lemos | Resenha

Aika, leitura leve, divertida e bem fantástica, do jeito que eu gosto.

Eu conheci o livro Aika – A Canção dos Cinco, da Lúcia Lemos, uma autora independente, por puro acaso, depois de ver uma foto que ela publicou no facebook. Quando eu vi que ela havia sido não apenas a autora do livro, mas também a capista e ilustradora e que as ilustrações seguiam um estilo de mangá — sem falar que tem dragões na história, gente, não dá para resistir —, eu disse a mim mesma: eu preciso ler esse livro!

E hoje, com a minha missão cumprida, venho dividir um pouco dessa experiência bem fantástica que foi dar uma viajada para Gattai, junto com a Aika, o Kurikara, a Riko, o Iruka e a Tsubomi.

A Lúcia Lemos é do Rio de Janeiro — toca aqui, Lúcia! Estamos juntas! — e parece que em breve se formará em Comunicação Visual Design, pela UFRJ. Trabalha com projetos de Ilustração e Design Gráfico para livros impressos e digitais, Concept-Art e Storyboard para jogos e animações, Design de personagens, histórias em quadrinhos e infográficos. Aika é o seu primeiro livro publicado.

Eu tomei a liberdade de entrar em contato com ela para conversar um pouco. Além de ser muito simpática e atarefada com seus projetos artísticos, ela me disse que está escrevendo o segundo volume da saga Aika — que provavelmente será composto por quatro volumes.

Vamos a um resuminho misterioso do livro:

O primeiro livro da saga Aika nos leva até a vida de Aika, uma mestiça de brasileiro e japonês, que mora sozinha em uma pequena cidade no Japão, e enfrenta o preconceito dos outros moradores da cidade, que além de não simpatizarem com sua herança sanguínea “impura”, também não veem com bons olhos o seu fascínio por animes, mangás e histórias de fantasia.

Triste, sozinha e vítima de bullying, Aika está totalmente para baixo, a sua única rota de fuga é se perder em seus desenhos e em seu mangá favorito, Suzaku no Shounen Kurikara. Até que, em um belo dia, algo inexplicável chama a atenção dela para o farol da cidade, o Mon-en, que possui toda uma história mística.

E é aí, galera, que a fantasia toma conta da história, as coisas ficam interessantes — porque a vida sem uma boa história fantástica nem vale a pena — a Aika vai dar uma voada em alguns dragões por aí, vai conhecer um pessoal bacana e vai viver uma grande aventura.

O livro traz mensagens bem legais, como manter a fé em si mesmo, nunca desistir dos seus sonhos, não se apegar ao passado e deixar o presente de lado, ser sempre o mais forte que você puder e encarar os problemas da melhor maneira que for capaz. E não apenas isso, o livro também nos mostra que essa ideia bitolada de que a herança sanguínea é decisiva para alguma coisa é uma palhaçada. Não são os nossos antepassados ou parentes que definem o que somos hoje, somos nós mesmos e quem nós decidimos ser agora.

Pode falar aí, filosofei bonito.

Enfim, eu gostei dessa característica filosófica, assim como gostei da linguagem usada para passar todas essas mensagens. A Lúcia consegue fazer isso de maneira muito natural — eu imagino tranquilamente adolescentes e adultos lendo e gostando de Aika.

Na verdade, ao longo de todo o livro, eu consegui imaginar facilmente essa história em formato de anime — e depois de dar stalkeada nas redes sociais e entrevistas da Lúcia, eu vi que esse é um dos sonhos dela.

Realmente, espero que ela consiga isso. Boa sorte, Lúcia.

Os dois personagens principais do livro são a Aika — nem deu para notar, né? O título da saga nem foi uma dica — e o Kurikara — o grande ídolo da Aika. E ambos foram realmente muito bem construídos e, principalmente, a evolução deles foi muito bem feita também — e isso é muito importante, porque normalmente é quando o autor se perde. Ambos os personagens definitivamente evoluíram para melhor.

A trama, os personagens, os cenários e os detalhes são muito bem construídos. Dá para perceber que a autora realmente estudou, pesquisou e planejou toda a história antes de escrever propriamente — é bem diferente de quando o autor escreve só o que dá na telha e é isso aí — e que ela sabe do que está falando. E isso é de suma importância, um ponto extremamente positivo para qualquer autor.

E a história em si é bem legal, eu curti muito — ainda mais porque eu tinha acabado de finalizar uma leitura tensa e que eu não tinha gostado tanto, então o Aika chegou para me fazer feliz. Adorei o mundo que a Lúcia criou e acho que os fãs de literatura fantástica vão gostar bastante desse livro.

Quanto ao trabalho material, está muito bom — muito bom mesmo. As ilustrações estão perfeitas e deram todo um charme super especial para o livro e para a história. Eu fiquei sinceramente impressionada com a qualidade do material em si. Apenas duas coisas me incomodaram um pouco; uma delas foi a fonte, que eu achei muito pequena — sou meio cega, gente, então… paciência —, o que tornou a leitura um pouco mais lenta, porque os meus olhos se cansavam com mais facilidade. Mas isso nem chega a ser um problema propriamente dito — como eu disse, eu sou meio cega. A outra coisa foi algo que eu evito ao máximo comentar ou criticar, a menos quando realmente me chama a atenção. É a revisão. Normalmente, mesmo quando eu encontro erros — o que é praticamente sempre, eu posso contar nos dedos de uma mão quantos livros já li sem encontrar nenhum errinho —, eu não falo nada, porque eu acho que não existe revisão perfeita. Mas eu vi que o Aika passou por três revisões, então eu acho que não deveria haver tantos erros quanto eu encontrei e isso me incomodou um pouco. Mas não tornou a leitura menos agradável. Para todos os efeitos, o material está ótimo.

Bom, o que eu posso dizer? É ao ler livros como esse que se pensa que a despeito do que alguns dizem — honestamente, acho que quem diz isso não entende nada de literatura —, existe sim ótimos autores e ótimas histórias nacionais, meus queridos. Dá até um orgulhinho.

Recomendo muito a leitura.

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