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Mulher-Maravilha – Sementes da Guerra, de Leigh Bardugo | Resenha

‘Mulher-Maravilha – Sementes da Guerra’: muito mais do que uma história de heróis

O que faz um herói? A força? O coração? Será que os fins realmente justificam os meios? Um herói é mais do que uma pessoa dotada de superpoderes. É aquele que pensa no bem maior, no próximo. Que tem empatia, compaixão e coragem para defender aqueles que precisam de ajuda, bem como os seus ideais. Um ser mitológico e que há gerações permeia a nossa mente, os nossos sonhos. Mas será que esses heróis saberiam lidar com os desafios da nossa sociedade contemporânea? De uma forma bem humorada e com muita propriedade, a escritora Leigh Bardugo nos traz uma versão moderna de uma das principais heroínas de todos os tempos em Mulher-Maravilha – Sementes da Guerra, o primeiro volume da série Lendas da DC, publicado pela editora Arqueiro.

Na trama, que mostra todo o universo da amazona numa versão Young Adult, Diana quer desesperadamente provar o seu valor às suas irmãs guerreiras e à sua mãe, a rainha Hipólita. Durante uma competição, ela finalmente tem a sua chance de glória, mas tudo muda quando ela salva Alia Keralis, uma mortal, quebrando uma das principais leis do seu povo. O que Diana nunca poderia imaginar é que Alia, na verdade, é uma Semente da Guerra, descendente de Helena de Tróia (aquela mesma), destinada a levar o mundo a uma era de guerras e sofrimento. Agora, cabe à princesa das amazonas salvar a todos e se mostrar como a grande heroína que irá ocupar o seu lugar na história da humanidade.

Sinceramente, eu achei a ideia dessa série genial. Transformar o universo dos super-heróis da DC em Young Adults é incrível! E começar com a minha heroína preferida da vida não poderia ter sido melhor. Sim, desde que me entendo por gente, sou fã da Diana e meu sonho era ser uma amazona (quem nunca?). Confesso que a expectativa era grande, assim como o receio. Receio de que Diana não fosse representada da maneira que merece, com aquela personalidade e o carisma que tanto nos encantam e nos fizeram admirá-la ao longo desses anos. Olha, Leigh me surpreendeu. E me deixou muito, muito feliz, satisfeita e aliviada. Porque essa jovem Diana, destemida, obstinada e cativante é a minha Diana. A Diana que todos nós conhecemos, amamos e que nunca poderia ser diferente.

Leigh conseguiu manter a essência da personagem e toda a seriedade e as nuances de sua mitologia, mas trouxe uma leveza, um frescor extremamente contagiante. É muito interessante e divertido observar Diana em meio a nossa sociedade, tentando se adaptar e entender não apenas os nossos costumes, mas principalmente as nossas manias, como a nossa mente funciona. Achei importante também a autora ter mostrado o lado mais “humano” da heroína, digamos assim. Que, apesar de toda a bondade e do senso de justiça, também possui inseguranças e deseja se afirmar, se descobrir e ser reconhecida.

Alia, por sua vez, é uma personagem que contrapôs e completou de maneira incrível com Diana. A química entre as duas é ótima e ajuda muito no desenvolvimento de ambas. Porque Alia, com toda a história de Semente da Guerra, poderia ter caído para um lado irritante da autopiedade ou, até mesmo, da irritação (e quem poderia culpá-la, certo?). No entanto, Leigh nos presenteia com uma Alia tão forte – não fisicamente, claro, mas emocionalmente – quanto Diana. E esse equilíbrio que uma traz para a outra torna tudo ainda mais empolgante e emocionante.  Quanto aos outros personagens, Nim, Theo e Jason são peças fundamentais para a trama gerar aquela curiosidade e estímulo ao leitor. Adorei a dinâmica do grupo e a forma como suas peculiaridades lhes permitem brilhar e ter o seu momento de destaque na história. Estou trabalhando todo o meu autocontrole para não discorrer mais sobre eles – porque eles são MUITO legais – para não dar spoiler e tirar o prazer de quem ainda não teve a felicidade de ler este livro.

Muito mais do que uma história de super-herói, de bem contra o mal, Leigh Bardugo consegue criar uma história original, leve e sensível, com diversidade, empoderamento e reflexões pertinentes. A transição entre a mitologia e o mundo “real” é fantástica e nos faz querer acompanhar as duas histórias. Em épocas sombrias e de intolerância, é até bom fugir um pouquinho da realidade e contar com uma super-ajuda.

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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