IRS: Despertando talentos e novos leitores
Quando se faz o que gosta, as coisas fluem. E, se ainda há a possibilidade de fazer alguma diferença, então, as coisas realmente acontecem. O Vai Lendo não surgiu apenas de uma paixão e de um projeto literário. Ele foi criado para que leitores de todas as partes tenham um espaço em comum para compartilhar histórias, ideias e o amor pela leitura. E principalmente para estimular essa prática tão importante. Pensando nisso, nós, do Vai Lendo, procuramos sempre trazer um conteúdo diferencial, e também pessoal, para nos aproximarmos de vocês e mostrar projetos e personagens originais e inspiradores. Com isso, temos o imenso prazer de apresentar o nosso primeiro parceiro, que vai nos ajudar não só a contar outras belas histórias, mas a mostrar como os livros são parte fundamental da formação de cada indivíduo e como eles podem mudar nossas vidas: o Instituto Rogerio Steinberg.
Localizada no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro, a instituição é uma organização sem fins lucrativos voltada para atender crianças e jovens de famílias de baixa renda com habilidades especiais, com o objetivo de despertar e desenvolver esses talentos através de atividades complementares nas áreas culturais, educacionais e recreativas, potencializando o ensino acadêmico formal e contribuindo para reduzir as desigualdades sociais e estimular o exercício da cidadania. Como se não bastasse o belíssimo trabalho desenvolvido, o IRS é fruto da devoção e da solidariedade de pais que perderam o seu filho. Em 1997, o casal Clara e Jacob Steinberg resolveu homenagear um de seus herdeiros, o artista e publicitário Rogerio Steinberg, dotado de uma criatividade peculiar e grande senso de inovação, reconhecido nacional e internacionalmente, morto de maneira precoce, aos 34 anos, vítima de um acidente de carro, em 1986. O Vai Lendo conversou com a coordenadora pedagógica do IRS, Sonia Simão, que, mais do que ninguém, pode apresentar a instituição para os nossos leitores e mostrar como é feito esse belo trabalho.
Vai Lendo – Como foi criado o IRS? Porque trabalhar com crianças superdotadas?
Sonia: A Dra. Clara e o Dr. Jacob Steinberg resolveram homenagear e lembrar o talento do filho com a criação do IRS. Nas primeiras reuniões para o desenvolvimento do IRS, a Dra. Clara se reuniu com vários especialistas no assunto. Inicialmente, pensou-se em superdotação, mas, nas época, esse tema ainda estava em fase de estudos. Então, optou-se pela procura de crianças consideradas talentosas. A partir daí, teve início o trabalho em instituições beneficentes de ensino, primeiro com o João Alves Afonso e a Casa São João Batista, da Lagoa. Nesse período, os então profissionais do IRS, juntamente com uma psicóloga, testaram as crianças à procura dos primeiros beneficiários do IRS, que, dali em diante, começou, de fato, a se desenvolver e a expandir, chamando vários colaboradores e profissionais de diversas áreas.
Vai Lendo – Como é feita essa seleção de beneficiários?
Sonia: O trabalho na sede começou em 2000, com os programas “Despertando Talentos” e “Desenvolvendo Talentos”, executados até hoje. Aqueles que se destacam dos seus pares são selecionados para uma indicação feita ou pelo professor que atua com eles ou pelo coordenador da escola, ou ainda a partir da visita da psicóloga, por alguém que possa fazer essa indicação. Em seguida, eles são selecionados e passam por outra seleção, dessa vez psicológica, e também por uma avaliação da parte social junto com os responsáveis. Caso essas crianças e jovens sejam identificados com altas habilidades/superdotação, eles passam a fazer parte do IRS.
Vai Lendo – O que são os programas “Despertando Talentos” e “Desenvolvendo Talentos”?
Sonia: O programa “Despertando Talentos” é desenvolvido nas instituições atendidas pelo IRS, enquanto o “Desenvolvendo Talentos” acontece no próprio IRS e através de parcerias. Nesse primeiro programa, temos duas oficinas: norteadora e de talentos específicos. As oficinas norteadoras são a oficina de criação, a de empreendedorismo e a de orientação profissional. Essas três oficinas são sequenciais e obrigatórias. A oficina considerada a porta de entrada é a de criação, da qual o beneficiário que foi identificado começa a participar na idade normal para fazer parte do IRS, entre 8 e 9 anos, indo até os 13 anos, 14 anos. Ela possui três níveis: básico, intermediário e avançado. Nela a gente trabalha os vários tipos de linguagem, as linguagens expressivas, através de atividades variadas. Depois, eles passam para a parte do empreendedorismo, onde já se abre um horizonte maior para essas crianças e jovens, que começam a ter uma noção de como será o futuro, seus projetos de vida, as perspectivas, as opções que eles podem seguir. Por último, eles passam pela oficina de orientação profissional, na qual é feito o arremate de toda a trajetória. Essa oficina aborda o marketing oficial deles, a ética, a construção de vida, como eles irão atuar e como será a parte de vestibular, as opções que eles têm, o primeiro emprego, currículo, como se apresentar. Ou seja, é toda aquela base, além de entrevistas com profissionais. Esse é todo o caminho percorrido pelos beneficiários no instituto. Junto a isso temos a oficinas de talentos específicos. De acordo com o talento observado na seleção, eles podem atuar no jornal do IRS, no teatro, na área de música, artesanato, bijuteria, dança. Elas não são obrigatórias e ficam submetidas à escolha deles, que são indicados a partir do talento identificado, mas muitas vezes outras habilidades são despertadas.
Vai Lendo – Como é trabalhada a questão da leitura no IRS?
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