Mares de Sangue, de Scott Lynch | Resenha

‘Mares de Sangue’: os Nobres Vigaristas agora aprontam no mar

Queridos, se vocês gostaram d’As Mentiras de Locke Lamora – volume 1 da série Os Nobres Vigaristas –, vão adorar Mares de Sangue. Eu adorei!

Mas vamos tentar manter a calma, o decoro e fingir que somos leitores sérios.

O livro Mares de Sangue, segundo volume da série Os Nobres Vigaristas, escrito pelo sensacional Scott Lynch – por quem eu já declarei devoção eterna – e publicado pela editora Arqueiro não foi uma agradável surpresa…

Foi um estouro! Arrasou o meu coraçãozinho de leitora compulsiva! Quando terminei de ler, a minha vontade foi de reabrir o livro e ler tudo de novo.

Quando terminei de ler o primeiro volume, tive, sim, uma maravilhosa surpresa ao constatar que havia encontrado outro grande autor, a quem eu passaria a seguir os passos e acompanhar o trabalho. Mas, nesse segundo volume, eu já esperava excelência.

O que eu não esperava era que as minhas expectativas – já muito, muito altas – fossem superadas. Isso é algo raro – minhas resenhas são sempre muito elogiosas, porque eu me conheço muito bem e, na maioria das vezes que escolho livros para ler, eu acerto. Mas, acreditem, sou uma leitora difícil de agradar.

E é por isso que eu adoro o Scott Lynch!

Dessa vez, nossos queridos Nobres Vigaristas se metem numa bela enrascada logo de cara. Em meio a mais um de seus golpes infinitamente complicados – pessoalmente, já percebi que não possuo intelecto o suficiente para entender integralmente os planos deles logo de primeira, a menos que expliquem detalhadamente antes –, eles se veem ludibriados pela próprio protetor da cidade na qual se encontram, que por meios realmente convincentes, – os quais não revelarei aqui, porque não quero estragar a surpresa e nem ser apedrejada mais tarde – os atira de cabeça em uma grande mentira – a especialidade dos nossos queridos heróis ladrões. E adivinhem para onde eles são mandados?

Para o mar! E, é claro, todo livro que envolve o mar, guerras marítimas e navios, pressupõe-se piratas. E nada combina melhor com piratas do que ladrões.

Gente, eu já adoro histórias com piratas, mas agora imaginem uma história com piratas E Nobres Vigaristas.

Eu praticamente dancei em cima da mesa enquanto lia esse livro!

Então, acham que dá para imaginar a bagunça que eles fazem ao longo da história?

Se pensaram que sim, estão enganados! Queridos, vocês não têm noção da zoeira e da zona que eles fazem. E o mais incrível é que toda a zoeira dos Nobres Vigaristas é sempre muito bem planejada e inteligente – sem falar que eu, finalmente, aprendi a diferença entre bombordo e estibordo.

Legal, né?

Mas, bem, a despeito dos piratas e da minha paixão por suas histórias, é claro que há outros elementos que tornam esse livro tão sensacional.

Como o enredo metodicamente montado e enriquecido pela narração impecável, por exemplo, Lynch nos apresenta um material limpo e uma história sem pontas soltas. Os personagens são muito bem trabalhados e, o mais importante, são apaixonantes.  Meus sinceros parabéns ao autor.

A comédia inserida é apresentada com maestria – porque, na verdade mesmo, inserir o humor em qualquer obra literária exige habilidade e timing muito apurados, porque a comédia forçada torna a obra ridícula. E isso Lynch também trabalha com perfeição.

No entanto, não se deixe enganar. Esse livro não é uma comédia. E o próprio título deixa isso evidente. Mares de Sangue é um nome, no mínimo, grave. Então, preparem os corações. Mais de uma vez me peguei com os olhos cheios de água – já contei para vocês que eu sou muito chorona com livros e filmes? Vergonhoso, né? Mas sou.

Mais um motivo para eu adorar esse livro. O autor conseguiu me fazer sentir de maneiras diferentes – com risadas e lágrimas. Ponto para Lynch!

Quanto ao trabalho da editora, está tão excelente nesse segundo volume quanto no primeiro. Então, visto que o material do primeiro volume está ótimo, só posso dizer que o negócio está muito bom!

Entre lágrimas, gargalhadas e suspiros admirados, li Mares de Sangue. E, dessa vez, Scott Lynch não apenas não me decepcionou, como me surpreendeu. Juntos, Mares de Sangue e seu antecessor foram uma dupla dinâmica que já conquistou um lugar especial na minha lista de favoritos.

Recomendo e muito a leitura.