A Dança dos Dragões, As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin | Resenha
‘A Dança dos Dragões’: Martin surpreende… de novo
A Dança dos Dragões, o quinto volume da série As Crônicas de Gelo e Fogo, do autor George R. R. Martin, foi o último livro da série até hoje publicado – infelizmente, porque estou há três longos anos esperando que o autor tenha a boa vontade de terminar de escrever esse negócio, para que possa, enfim, chegar a nós, meros mortais leitores. E essa resenha é sobre esse livro.
Esse quinto livro é simplesmente sensacional, que fez parecer a mim que todas as 864 páginas não eram nada. Eu praticamente devorei isso tudo e ainda fiquei com gosto de quero mais quando acabou.
Estou querendo mais até hoje.
Bom, como eu disse acho que em todas as resenhas anteriores dessa série, não é fácil fazer um resumo da história desses livros, justamente por causa da riqueza de conteúdo contida em cada um. São tantas coisas e estão todas tão intricadas umas nas outras que é quase impossível separá-las.
Porque o universo das Crônicas de Gelo e Fogo é um reflexo da vida em si. E a vida é feita de ações e reações. E as pessoas também são.
Eu percebi que assim também são os livros e os personagens de Martin. A história da série As Crônicas de Gelo e Fogo me lembra um pouco a vida em si – tudo bem, podem me chamar de louca, mas me permitam explicar. Eu vejo muito a continuidade e a fatalidade da vida real no desenrolar da trama do reino de Westeros. Eu acho que o Martin mostra muito bem a característica inevitável da vida, essa característica de estar sempre mudando.
E o mesmo se dá com as pessoas. Eu vejo características realmente humanas nos personagens dessa série, por isso todos são “dispensáveis” – é uma péssima palavra, mas não consegui achar nenhuma melhor –, todos podem morrer de uma hora para a outra. Mas, ao mesmo tempo, todos têm sua própria história, suas próprias características, vícios, defeitos e qualidades. Todos têm uma vida.
Por isso o autor não hesita em matar alguns que se tornam tão queridos aos leitores. Eu diria que não é o autor que mata os personagens. É a própria história. Chega um momento que o autor não pode mais comandar a história. Na verdade, ela é que passa a se fazer.
Por isso, às vezes, salvar um personagem muito amado pode comprometer tudo.
Bom, pelo menos, é isso o que eu acho.
Mas, enfim, eu dei uma viajada aqui agora. Desculpem por isso. Estou literariamente filosófica hoje. Enrolei, enrolei e ainda não falei a história do livro.
Não tem tanto o que dizer, na verdade – pelo menos, não sem soltar alguns spoilers e correr o risco de ser apedrejada por isso. Westeros está passando por um perrengue realmente assustador, as guerras continuam e o clima está esfriando cada vez mais – lembrem-se do lema “meteorológico” dos Starks: o inverno está chegando.
E está mesmo.
As coisas em Westeros só não estão piores do que na Muralha, onde a situação está realmente preta. Coisas estranhíssimas e bem sinistras estão acontecendo por lá. O exército dos selvagens está atacando e criaturas antigas e muito, muito perigosas se aproximam. A Patrulha da Noite se vê diante de um inimigo o qual não será capaz de vencer – fora os seus problemas internos, que também não podem ser ignorados.
Nesse quinto livro temos também uma visão ampla do que está acontecendo do outro lado do mar, onde Daenerys Targaryen foi nomeada rainha – e mais algumas dezenas de títulos, os quais não tem nem como e eu, francamente, não vou ficar queimando os meus preciosos neurônios tentando lembrar. Mas as coisas não estão fáceis nem para ela ou para os seus dragões – que estão cada vez mais ferozes e bem, bem maiores, sem falar de todo aquele lance de cuspir fogo, estarem passando pela difícil fase da pré-adolescência etc.
E em A Dança dos Dragões temos o prazer de ler histórias inteiramente novas quentinhas e bem chocantes, assim como passamos a entender algumas coisas que antes eram grandes mistérios. Novos personagens surgem e tantos outros deixam de existir.
Como eu disse, é o caminhar da vida. Em um mundo de fantasia, saído da cabeça de um autor realmente brilhante.
Martin mantém todos os aspectos literários observados anteriormente, nos outros livros. A narrativa em terceira pessoa, baseada nos pontos de vistas de diversos personagens, separados em capítulos. Grande riqueza em detalhes, mas não a ponto de deixar a narrativa arrastada.
Quanto à série televisiva, eu nunca assisti – realmente, não sou nem um pouco chegada a séries de televisão -, mas já li a respeito e tenho amigos que assistem e me falam sobre ela. E fiquei sabendo de alguns acontecimentos que não se passam no livro – alguns, talvez, porque podem estar presentes no próximo livro, eu não sei, pode ter havido algum acordo entre o autor e a produtora da série; e outros que simplesmente não acontecem mesmo. Sendo assim, o meu conselho é que não se baseiem no que virem na televisão, porque nem tudo vai ser igual.
Quanto ao trabalho da editora, eu ouvi algumas opiniões que divergem bastante da minha. Algumas pessoas criticaram negativamente a forma como foram feitos os volumes físicos, a respeito do tamanho, do peso, da qualidade do papel e até mesmo do tamanho da fonte. Mas, sinceramente, a minha opinião inicial se mantém. Eu achei o trabalho da Leya excelente no início e continuo achando isso ainda agora. E torço para que continue assim.
Sem falar da capa – a primeira –, que ficou absoluta e indubitavelmente maravilhosa!
Acho que posso afirmar que esse livro foi, de todos da série – até o momento publicados, pelo menos -, o meu favorito, justamente por essa onda de ações, alguns desfechos e novidades. Eu diria que todos os cinco livros da série, A Dança dos Dragões é o que tem mais elementos fantásticos. Eu gostei muito disso! E recomendo a leitura.