Jogos de Liderança, de Caroline Defanti | Resenha
‘Jogos de Liderança’: um aquecimento do que está por vir
Vamos voltar ao universo de Dakarai, dos Copranos, dos Irmãos, da deusa Copra e de todo o mundo fantástico criado por Caroline Defanti. Em Jogos de Liderança, segundo volume da trilogia Irmandade de Copra, lançado pela editora Arwen, acompanhamos a construção de um ambiente hostil entre humanos e extraterrestres. De conflitos territoriais e poder. A guerra está por vir… Mas, calma. Ainda tem muita história pela frente.
Porém, antes de falar sobre o livro, preciso mencionar um detalhe que me agradou logo de cara; a dedicatória inicial. Caroline simplesmente dedicou a obra para “você”. Mesmo se utilizando de um termo genérico, acaba ficando muito pessoal. E, realmente, para um autor iniciante nada é mais importante do que o leitor. Uma bela homenagem. Curti bastante!
Voltando à trama de Jogos de Liderança… Anos após o seu desaparecimento, Aeris vive na Terra com Dakarai imersa no estilo de vida Coprano, respeitando a natureza e amando a deusa Copra. Ela já estava adaptada com a sua nova vida, até que um contato com um Irmão a faz descobrir algo terrível: a Irmandade não é mais a mesma. Um novo líder vem traçando planos sombrios que colocam todos, principalmente os copranos, em risco. Agora, é hora de buscar uma saída: juntar estratégias, fazer alianças e defender os seus ideais.
Uma coisa que eu gosto muito no livro da Caroline é a apropriação de elementos da nossa cultura e dos lugares que no passado foram cidades brasileiras. No início do livro já fui surpreendido com uma descrição que remete à Baía de Guanabara. Como sou de Niterói, assim como a autora, confesso que fiquei tocado. Num mercado repleto de referências estrangeiras, é sempre bom prestigiar a literatura nacional.
A humanização do alien é outro elemento que me agrada bastante. Caroline Defanti inverte os estereótipos, onde os humanos são os seres desprezíveis e interesseiros e os extraterrestres, os caras legais. Ela passa uma mensagem bem bacana de que podemos aprender com o diferente e que não necessariamente o ponto de vista que temos é o certo. Misturado a isso, o humor da autora transforma Jogos de Liderança em uma ficção bem divertida. Uma leitura leve e agradável.
Este livro é basicamente uma sequência de cenas que culminarão na batalha final que ocorrerá no terceiro volume. Explica como a guerra vai se configurar. Em alguns momentos, as passagens são longas demais.Como falei na resenha anterior, acho que a divisão prejudicou a obra como um todo, sendo o segundo volume a principal vítima. Defendo a Irmandade de Copra como um livro único. Acho que poderia enxugar estas partes e ir logo para o tiro, porrada e bomba.
Por isso mesmo, faltaram ações e reviravoltas em Jogos de Lideranças. Teve uma morte que me surpreendeu, confesso. Mas, de resto, só preparação. Por mais que um livro seja dividido em partes, e o do meio tenda a ser mais devagar, sempre é bom dar algumas recompensas ao leitor. Fiquei apenas mais ansioso.
Uma das novidades do segundo livro é o aparecimento/desenvolvimento do vilão. Não vou falar quem é porque eu achava que era outro personagem. Isso é bom, gosto de ser surpreendido (ainda mais no vilão). Com certeza, ainda tem muita coisa a ser esclarecida, e acredito que tenha também outra pessoa por trás dele. Sei lá. Ou teremos novos fatos e vilanias que configurem o status, ou ele é fantoche de alguém mais poderoso. Só elucubrando… Coisas de leitor.
Em relação à parte física, houve uma melhora significativa para o segundo volume. Não sei especificar ao certo as mudanças na diagramação, mas surtiu efeito na leitura, tornando-a mais agradável. A revisão está bem melhor e, desta vez, não há spoilers no glossário.
Tenho certeza de que o terceiro, e último volume, da trilogia Irmandade de Copra será superior ao segundo. Afinal, como mencionei anteriormente, Jogos de Liderança é um aquecimento para o desfecho e não trouxe muitos elementos novos. Isso me incomodou um pouco.
Entretanto, gosto muito do universo criado pela Caroline. Mesmo ainda começando, é possível notar um talento na escrita. Estou ansioso para o terceiro volume e com grandes expectativas! Que venha o grand finale.