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Contos Peculiares, de Ransom Riggs | Resenha

‘Contos Peculiares’: uma viagem pela história do mundo dos peculiares

Eu já li o primeiro e o segundo volume – o terceiro já aqui na fila de espera de leituras – da trilogia de Ransom Riggs, O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares – nossa, é sério, esse título é estupidamente longo – e tenho que admitir que nenhum dos dois me impressionou.

Mas o Contos Peculiares, sim. Esse me impressionou.

A começar pela aparência magnífica – a Intrínseca caprichou. Mas vou falar disso depois, como de costume.

Coleção ‘O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares’ / Foto: Caroline Defanti

Enfim, Contos Peculiares é, como o próprio nome já diz, um livro de contos que relatam casos na história dos peculiares, no universo criado por Riggs. Foi publicado lindamente pela editora Intrínseca. E contém dez contos.

Eu gostei de todos eles. Sério mesmo. Sabe por quê? Porque eles são estranhos. São o tipo de conto que você lê e fica pensando: caraca, que bizarro.

Mas acaba sendo um bizarro legal.

Ou talvez o problema seja comigo… Enfim, achei bacana.

Os contos estão bem montados – o que eu francamente senti falta na história da trilogia e que foi o que mais me incomodou nas obras – e cada um possui um tipo de lição de moral oculta – e, a meu ver, o grande papel dos contos é justamente esse, é nos ensinar alguma coisa, mesmo que seja algo que já saibamos.

Sumário do livro ‘Contos Peculiares’ / Foto: Caroline Defanti

De certa forma, eu senti um pouco de proximidade com os contos dos Irmãos Grimm – chego a me perguntar se Riggs é fã dos contos de fadas dos Grimm. Os contos do Riggs também possuem certa crueza no conteúdo e na forma de narrar, que mesmo sendo explícito com momentos fortes ou crueis da história, não se detém e ainda consegue fazer isso sem causar grande choque. É uma característica estranha e difícil de definir – provavelmente quem já leu os contos originais dos Grimm deve ter percebido isso -, mas eu poderia dizer, quem sabe, uma característica peculiar.

Em todo caso, eu achei todos os contos muito bem feitos, alguns assustadores, alguns mais engraçados e outros bem tocantes – a bem da verdade, quatro deles me fizeram chorar, e, eu acho que já mencionei isso em outras resenhas, eu adoro chorar enquanto leio livros, seja de tristeza, de tanto rir ou de emoção.

Além dos contos em si, temos alguns “floreios” por parte do autor, que colocou algumas notas do editor do livro, que seria o Millard Nullings – uma das crianças peculiares que viveu no Orfanato da Srta. Peregrine e que aparece durante a trilogia. Na verdade, há uma página com a biografia do Millard, como se faz com os autores – obviamente não tem a foto, uma vez que o sujeito é invisível. Mas esse detalhe do editor e autor “fantástico” e peculiar deu um tom mágico ao livro como um todo e o ligou, de maneira muito sutil, à trilogia previamente publicada.

Coleção ‘O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares’ / Foto: Caroline Defanti

Quanto ao trabalho da editora, está absolutamente impecável. Eu francamente nunca vi um material tão bonito e bem feito pela editora Intrínseca. Eu não tenho nenhuma reclamação. E, para ser sincera, é um dos livros – traduzidos – mais bonitos que eu tenho – não apenas pela capa, mas pelo tratamento interno, como a diagramação. A Intrínseca está de parabéns!

Em suma, Contos Peculiares foi uma agradável surpresa, até mesmo porque eu acho que escrever um bom conto é ainda mais difícil do que escrever um livro inteiro. Então, eu tenho que tirar o chapéu e saudar Ransom Riggs, por ter me feito uma leitora feliz. Recomendo bastante o livro.

Só tenho uma pergunta para Riggs: por que os canibais naquela época eram ricos? (Se quer entender a pergunta, sugiro que leia o livro).

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