O Rei das Cinzas, de Raymond E. Feist | Resenha
‘O Rei das Cinzas’: minha primeira experiência com Feist
Acho que quase todo mundo que gosta de literatura fantástica já deve, pelo menos, ter ouvido falar de Raymond E. Feist — o autor da Saga do Mago e a Saga do Império. Ultimamente, ele tem sido chamado de Mestre da Fantasia.
Recentemente, tive a oportunidade de ler um dos livros dele, uma das publicações mais recentes de sua nova saga — a galera que curte sagas deve amar esse cara. Enfim, o livro foi O Rei das Cinzas, o primeiro volume da Saga dos Jubardentes. Foi publicado aqui no Brasil pela HarperCollins.
Até que a história é bacana, mas, depois de ver tanta gente falando super bem desse autor, confesso que eu esperava muito mais.
A Saga dos Jubardentes nos leva para Garn, uma terra fantástica e medieval — parece que o autor também gosta dessa ambientação; se não me engano, todos os outros livros dele também se passam, mais ou menos, em épocas medievais.
Tudo começa com uma grande traição. Quatro dos cinco reinos que, antes, formavam a Aliança se voltam contra o reino de Itrácia, onde reinam os Jubardentes. A família real é dizimada e o país é desfeito. Entretanto, como toda boa história demanda uma treta das brabas, é claro que vai dar problema.
E esse problema, pelo que tudo indica, vem na forma de um bebê. O último dos Jubardentes, salvo milagrosamente durante a sangrenta batalha que selou o destino de sua família drasticamente. Esse bebê sobrevive e cresce sob a tutela daqueles que vivem na região mais temida do mundo de Garn, até que seja chegada a hora de ele seguir com a sua vida e cumprir com o seu destino.
Profundo, né?
Esse, meu amigo leitor, eu diria que é o problema principal da trama, mas não é o único. Concomitante a isso, temos também as narrativas voltadas para outros personagens, como o ferreiro Declan, um prodígio na sua arte de manipular metais, que precisa se desprender de seu antigo mestre e trilhar o seu próprio caminho como mestre ferreiro — e esse caminho vem cheio de obstáculos e dúvidas.
Na verdade, eu nunca vi um sujeito tão inseguro quanto o Declan. Mas tudo indica que ele também vai ter uma grande participação ao longo da história — por enquanto, não foi nada muito grandioso.
No entanto, a trama parece bem feita. Não encontrei nenhuma ponta solta ou nada que me fizesse torcer o nariz enquanto lia. Tudo parece estar em seu devido lugar e acontece no ritmo que deve acontecer. Talvez, por isso, a minha empolgação com o livro tenha sido minada aos poucos, porque eu não me surpreendi em momento nenhum — na verdade, eu conseguia facilmente deduzir o que estava para acontecer, o que não é lá muito bom. Afinal, o elemento surpresa é o que mantém o leitor interessado boa parte do tempo.
Mas eu tenho que admitir que os personagens foram bem formados e eles se mantêm até o final do livro, bem como a constância na narrativa do autor — não há momentos lentos demais nem rápidos demais, e, mesmo quando ele passa várias páginas apenas dissecando os pensamentos e dúvidas dos personagens, consegue fazer isso de uma forma que não seja cansativa.
Feist é admirado por suas tramas fantásticas, mas eu vi muita pouca magia e elementos fantásticos nessa história. Salvos alguns momentos rápidos e raros, parece uma narrativa medieval comum — o que, considerando o que eu estava esperando, foi bem decepcionante. Mas é uma história legal, com sua dose de aventura, um pouco de drama, mistério e bons personagens — obviamente os meus favoritos não eram os principais, como de costume.
Confesso que fiquei um pouco decepcionada com o trabalho da editora em relação ao texto. Não houve uma página que li sem encontrar, pelo menos, um erro. Realmente decepcionante.
Bom, apesar de ter elementos que um bom livro de narrativa medieval precisa — exceto a fantasia —, O Rei das Cinzas não foi o que eu esperava. Mas, sinceramente, acho que tem muito potencial para ficar melhor, se o autor souber trabalhar bem a trama. Ele preparou um bom terreno de início, agora, só tem que saber como cultivá-lo. Vou esperar pelos próximos volumes da Saga dos Jubardentes.
2 Comentários
Geysa
Realmente, os erros de grafia e concordância me incomodaram um pouco, mas a história é muito boa. Assim como você, me apego a personagens secundários. Me apeguei a Gwen e a Hava. Espero que o autor saiba explorar essas duas!
Vai Lendo
Oi, Geysa!
Pois é. A história tem bastante potencial.
Eu ainda não li os seguintes, mas espero que o autor tenha aproveitado e desenvolvido a trama e os personagens.