Entrevistas

Live Arqueiro: Harlan Coben

Perdeu a live com Harlan Coben? Veja aqui um resumo dos principais tópicos

 

Reprodução Instagram

Em plena pandemia, é preciso agradecer à tecnologia por nos permitir não apenas encontrar outras formas de entretenimento, mas também e principalmente por “encurtar” as distâncias. Estamos em isolamento social, mas, hoje, a internet facilita o nosso contato com familiares, amigos e o mundo exterior. E, para nós, leitores, isso inclui também os autores. Em tempos de lives, “conversar” com os nossos escritores preferidos não tem preço. Ainda mais se ele for o Harlan Coben vestindo a camisa da seleção brasileira, balançando a bandeira do Brasil, usando uma caneca enviada por um leitor brasileiro e, de vez em quando, mostrando a sua cadelinha de estimação. E, sim, tudo isso felizmente aconteceu agora há pouco, no instagram da editora Arqueiro, responsável pela publicação das obras de Coben aqui no país.

Extremamente simpático e feliz com a repercussão dos brasileiros na live, Coben falou sobre o atual momento do mundo, seus próximos livros (!!), inspirações e processo criativo, Netflix e uma futura volta ao Brasil (!!!!!!), quando toda essa confusão acabar. Para quem não teve a oportunidade de acompanhar o papo, separamos aqui alguns dos principais tópicos comentados:

Pandemia

Sobre a Covid-19, Coben disse ser um momento assustador para todos e que, por incrível que pareça, não pensa em usar isso como inspiração para um próximo livro, pelo contrário.

“Estou em Nova Jersey, aqui está muito ruim, mas estamos todos bem e em quarentena”, afirmou. “Mas é difícil escrever. Como todo mundo, estou sem concentração. Se você está conseguindo ler, pintar ou aprender coisas novas, ótimo. Mas, se não está, não se cobre. É um momento difícil para todo mundo. Eu sei que muitos leem os meus livros para escapar um pouco de tudo isso e eu espero conseguir escapar também desse assunto nos próximos títulos, justamente por conta disso. Até porque, meu próximo livro já está quase na metade e se passa entre 2018 e 2019”.

Processo criativo e thrillers

Ao ser perguntado sobre inspiração e processo criativo, Coben afirmou ter várias ideias até uma delas encaixar e gerar algo sólido.

“Eu me pergunto ‘e se’ o tempo todo”, explicou. “No caso de Não Fale com Estranhos, por exemplo, eu penso ‘e se eu estivesse sentado no bar e acontecesse comigo o que aconteceu com o protagonista?’. Eu jogo essas sementes em todo lugar. Uma delas vai virar uma história. Uma delas vai germinar e se transformar num livro. Sobre os personagens, a inspiração geralmente vem de pessoas que eu conheço e de mim mesmo, até os vilões. Porque eu quero que seja real, não muito fora da realidade”.

Coben também surpreendeu ao dizer que não considera o thriller um gênero e apontar que, para ele, o principal é conseguir manter o leitor preso na história.

“Eu não considero o thriller um gênero, eu vejo como uma história”, indicou. “Eu só quero contar uma boa história. Provavelmente, o romance favorito de qualquer leitor tem um crime. Eu quero manter o leitor no suspense, quero que ele se envolva com a narrativa. Não é nada fora do normal, mas eu quero deixar um suspense. Thriller é sobre a história, sobre o que acontece. Sobre manter o leitor preso naquela historia. A melhor história que eu posso escrever”.

Visita ao Brasil

Coben não pensou duas vezes ao responder se gostaria de voltar ao Brasil e quando poderia ser essa visita. E ainda aproveitou para exaltar os leitores brasileiros.

“Eu tive uma experiência fantástica em São Paulo”, lembrou. “Foram quase sete horas, no total, para conseguir tirar todas as fotos e autografar os livros. Os brasileiros são os melhores fãs e leitores do mundo! Gostaria muito de, em 2021, poder ir à Bienal do Livro do Rio”.

Netflix e adaptações

Com um contrato exclusivo com a Netflix (para adaptar 14 de seus romances, além da possibilidade de futuros títulos), Coben deu alguns detalhes sobre as próximas produções e aproveitou para comentar sobre as mudanças entre seus livros e as adaptações.

“Eu gosto de fazer mudanças nas minhas histórias quando faço séries”, confirmou. “Eu me vejo como um cantor e compositor. Se eu fiz uma música que todos gostaram, quero que as pessoas façam diversos covers dessa música para terem outras experiências. Não gosto que fique igual aos livros”.

Segundo ele, após a adaptação de Não Fale com Estranhos (The Stranger, na Netflix), Silêncio na Floresta será a próxima obra a ganhar a telinha, seguida por O Inocente.

Silêncio na Floresta foi gravada na Polônia e terá seis episódios, com previsão de estreia para os próximos meses”, contou. “Já O Inocente será em espanhol e terá Mario Casas. Eles estavam quase terminando as filmagens na Espanha, quando houve a pandemia. Por conta disso, não tem previsão de estreia. Eu gosto de fazer essas adaptações em vários lugares para pegar os talentos desses lugares e ter várias culturas representadas. Espero conseguir fazer uma adaptação aqui no Brasil”.

Recado para os novos escritores

Harlan Coben falou que o melhor conselho que poderia dar aos aspirantes a escritores é: escrever. E disse ainda que infelizmente não conhece muitos autores brasileiros porque poucos escritores brasileiros e estrangeiros são traduzidos para os Estados Unidos.

“Você só precisa escrever”, concluiu. “Não há uma resposta certa para isso (escrever). Eu escrevi dois ou três livros que não foram publicados. Cada um desses livros levou um ano para eu terminar. Mas eu não os considero uma perda de tempo. Foram um aprendizado. Foram uma escola. Se você quer escrever, comece. Pegue um papel e escreva ‘e se’ e comece a anotar ideias. Faça isso todo dia e depois vai limpando. Com certeza, uma história irá aparecer daí”.

Futuro

Sobre o que ele espera que a sociedade aprenda com tudo o que está acontecendo, Coben ressaltou a importância do tempo com a família. E aproveitou para concluir a live agradecendo o carinho dos leitores brasileiros.

“Espero que possamos aproveitar mais o tempo com a nossa família”, desejou. “Espero que todos aí no Brasil estejam bem e seguros. Nós nos veremos de novo. Obrigado por lerem os meus livros e verem as minhas séries. Que possamos arrumar outras formas de nos conectarmos. Adoro essa troca e fazer companhia a vocês com os meus livros. Adoro ser a companhia de vocês”.

A gente é que agradece, Coben!

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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