Resenhas

Um Caminho Para a Liberdade, de Jojo Moyes | Resenha

Conhecimento é poder. E os livros são literalmente Um Caminho Para a Liberdade, especialmente numa época em que esperam que você seja submissa e absolutamente desprovida de opiniões e de direitos apenas por ser mulher. O título do novo livro de Jojo Moyes, que integrou a caixa 012 do Intrínsecos, o clube de assinatura da editora Intrínseca, não poderia ser melhor. Ele resume  a essência desta obra que me emocionou profundamente.

No final da década de 1930, numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, cinco mulheres vão descobrir e levantar as suas vozes através de uma biblioteca itinerante que irá mudar não apenas as suas vidas, mas principalmente desafiar os padrões de uma sociedade machista e preconceituosa. Margery, Alice, Beth, Sophia e Izzy assumem o compromisso de levar livros aos moradores mais pobres da região, mas precisam lidar, além das adversidades – como, por exemplo, cavalgar e rotas de difícil acesso -, com a resistência, a desconfiança e os preconceitos dos mais conservadores. Quando precisam enfrentar a cidade, que se volta contra elas, Margery, Alice, Beth, Sophia e Izzy se unem e estreitam os seus laços, à medida que precisam descobrir se os livros realmente poderão salvá-las para conseguirem manter o grupo.

Baseado em fatos reais, Um Caminho Para a Liberdade é arrebatador. Até então, eu só havia lido um livro de Jojo Moyes (O Navio das Noivas), que não chegou a me transformar numa Jojolover. Mas tudo mudou. O que eu senti ao longo de toda a narrativa, das jornadas dessas cinco mulheres tão inspiradoras e inesquecíveis é até um pouco difícil de resumir. Agora, Jojo me pegou. Cada arco dessas personagens é uma homenagem aos livros e às mulheres. Todas, em suas essências, nos cativam e emocionam com suas histórias de superação, força, resistência, lealdade. Personalidades tão diferentes e marcantes. Personagens com as quais nos identificamos e das quais nunca esquecemos.

O texto de Jojo é bastante descritivo, mas, neste caso, não me incomodou. Pelo contrário, ajudou na imersão daquela realidade tão difícil. Infelizmente, se analisarmos bem o cenário atual, apesar de alguns progressos, conseguimos fazer algumas comparações com os tempos atuais e encontrar diversos pontos em comum. Mas somos todas Margery, Alice, Beth, Sophia e Izzy. A maneira como as tramas das mulheres se cruzam e se desenvolvem tanto simultânea quanto paralelamente faz o leitor mergulhar num misto de sentimentos, indo do mais puro prazer e alegria a dores, frustrações e revolta, mediante tanta injustiça e misoginia. Chorei de soluçar em várias passagens. Me envolvi profundamente com essa história e suas protagonistas.

O amor dessas mulheres pelos livros, a consciência da importância de levar o conhecimento aos menos favorecidos e ver como a leitura é capaz de mudar o ser humano, de LIBERTAR, são pontos levantados que eu nunca me cansarei de exaltar, palavras que sempre irei absorver. Obrigada, Jojo Moyes. Pela sensibilidade de trazer esta história, pela firmeza em contá-la. Pelas referências literárias que, com certeza, irão despertar o interesse e formar novos leitores. Assim como Margery, Alice, Beth, Sophia e Izzy fizeram. Elas são símbolos de sororidade, amizade e coragem. Elas nos estimulam, nos fortalecem. Mostram o que de melhor os livros podem trazer para as nossas vidas. Eu, como mulher e leitora, me senti representada e serei eternamente agradecida.

Título: Um Caminho Para a Liberdade Autor: Jojo Moyes | Tradução: Ana Rodrigues, Catharina Pinheiro, Julia Sobral Campos e Maria Carmelita Dias | Editora: Intrínseca | Páginas: 368

 

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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