A Casa dos Pesadelos, de Marcos deBrito | Resenha
‘A Casa dos Pesadelos’: enfrente o medo, aproveite a leitura
Enfrentar o medo ou viver com ele? Será que tudo é fruto da imaginação infantil ou algo ainda mais assustador? Em A Casa dos Pesadelos, novo livro de Marcos deBrito, autor de O Escravo de Capela, ambos publicados pela Faro Editorial, conhecemos a trama de Tiago, um adolescente que, quando criança, foi atormentado durante a madrugada por um monstro, enquanto visitava a casa da avó. Agora, dez anos depois, ele decide provar para si mesmo que tudo não passava de uma criação da sua mente. Mas e se este monstro realmente existir?
A Casa dos Pesadelos é uma narrativa que prende o leitor desde o começo. Com a trama dividida entre presente e passado, o que é muito bem sinalizado na edição, vamos conhecendo um pouco da origem dos medos de Tiago e como o adolescente lida com isso. Em contrapartida, acompanhamos a criatura fazer mais uma vítima – o irmão caçula de Tiago. Além desta mesclagem temporal que culmina no clímax da história, intensificando o engajamento na leitura, há ainda todo um mistério acerca do quarto do avô – uma área proibida na casa, que faz com que o livro seja devorado rapidinho.
A escrita de Marcos deBrito é bastante objetiva. O autor é bem direto na descrição das cenas. Isso reflete no tamanho do livro, que é curto – o que não chega a ser um problema, mas afeta no sentido de faltar um texto mais tenso, que é algo que busco na leitura do gênero terror. Apesar de não ter ficado nervoso ao ler A Casa dos Pesadelos, o final me arrebatou. Toda a frieza (distanciamento) que senti ao longo das páginas foi compensada no desfecho. E não é a primeira vez que Marcos me surpreende. Em O Escravo de Capela tive a mesma surpresa.
As histórias de Marcos deBrito são muito bem construídas – começo, meio e principalmente fim. A questão da falta de emoção (tensão) na escrita é algo muito pessoal. Porém, a personagem Laura, mãe do Tiago, precisava ser melhor lapidada. Um ponto em que A casa dos Pesadelos pecou. É difícil entender a conduta dela ao longo do livro, mas, numa cena específica, após a revelação de um grande segredo, a passividade e a falta de questionamentos são pouco críveis. Acredito que isto poderia ser melhor desenvolvido.
A faceta do terror abordada em A Casa dos Pesadelos, combinada com o desfecho, é o que há de melhor no livro. Não consigo explicar muito sem dar spoiler, por isso, me limitarei a dizer que gosto muito dessa pegada, que se aproxima um pouco dos nossos medos reais.
Aff, espero não ter falado muito.
Ah, já ia me esquecendo! O que são essas ilustrações do Ricardo Chagas? De arrepiar, além de contribuir para o clima sombrio do livro. Um toque especial indispensável!
A Casa dos Pesadelos é uma leitura envolvente, rápida e surpreendente. Por isso, enfrente os seus medos e aproveite esta leitura arrebatadora.