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As Crônicas das Sombras, de Frances Hardinge | Resenha

As Crônicas das Sombras: me fez pensar em ter mais cuidado com fantasmas

Quando eu olhei para a capa de As Crônicas das Sombras, de Frances Hardinge, publicado pela DarkSide Books, eu não tinha ideia do que leria quando o abrisse — a capa é meio fofinha e eu automaticamente passei a esperar uma história assim também. Só que não. Quando eu abri o livro, levei um tapa de uma história cheia de assombrações, possessões etc.

Não é a primeira vez que quebro a cara com um livro.

As Crônicas das Sombras nos transporta para a Inglaterra, durante a Primeira Guerra Civil inglesa, no século XVII. E, mais importante, nos leva pela trajetória tortuosa e difícil de Makepeace — não é apelido, não, o nome da menina é esse mesmo —, que já começa nos mostrando a sua vida quase miserável com sua mãe, quem esconde um passado sombrio de todo mundo e até da própria Makepeace. Mas o passado sempre volta para assombrar e, quando ele chega, praticamente arrasta Makepeace para a mansão de Grizehayes, um lugar sombrio, com pessoas sombrias e possuídas por assombrações milenares e assustadoras.

Então, é claro que a Makepeace quer fugir — até os ratos querem fugir.

Só que o passado não é a única coisa que vem assombrar a nossa protagonista de nome engraçado — eu estou cheia dos trocadilhos hoje, me desculpe. De qualquer forma, não é tão fácil, porque parece que Makepeace pode se tornar uma peça importante nos misteriosos negócios obscuros da família da qual ela descobre fazer parte. Mas vou parar por aqui, porque eu sou chegada a um spoiler e não quero estragar a surpresa — se é que você gosta de surpresas.

O que eu tenho a dizer sobre a trama criada por Hardinge é que ela começa devagar. As primeiras sessenta páginas chegam bem perto de ser maçantes, até que, do nada, o negócio acelera de maneira ensandecida e eu acabei devorando o restante do livro que nem uma louca.

Adorei. A autora preparou todo o palco no início da história, te deixando a par da situação da protagonista, fazendo você quase dormir no processo, para, de repente, te dar um tapa na cara e entregar uma história cheia de ação, tramas mirabolantes e uma protagonista que passa de mosca morta para manipuladora calculista, assombrada e sinistra.

Ao longo da trama, eu diria que Makepeace coloca bem à prova a ideia do “antes sozinho do que mal acompanhado”, só que ao contrário — se é que isso faz sentido. É sério, ela se torna uma personagem forte, perspicaz, inteligente e muito interessante.

Querer acompanhar essa transformação dela e saber até onde ela iria foi o que me fez ansiar por virar as páginas. Depois de ver isso, até o início mais parado fez muito sentido. A única coisa que eu acho que poderia ter ficado melhor é o título do livro. Acredito que a autora poderia ter ousado mais — embora o título não atrapalhe em nada a leitura.

Quanto ao material, está visualmente bonito, como é costume da DarkSide. Tem alguns problemas de revisão. E acho que a capa, apesar de estar bem bonita, poderia estar mais ligada à história.

De qualquer forma, eu adorei a história. Achei um ótimo entretenimento e, ao longo da trama, podemos aprender algumas coisas com a Makepeace, coisas que deveríamos saber, como: perseverar, ter coragem, dar segundas chances e não abandonar quem é importante para nós. Recomendo a leitura.

Título: As Crônicas das Sombras Autora: Frances Hardinge | Editora: DarkSide Books | Tradutora: Mariana Serpa | Páginas: 448

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