A importância de Crepúsculo | Reflexões Literárias
Recentemente, fizemos um post com os momentos mais marcantes da saga Crepúsculo, da autora Stephenie Meyer, publicada pela Intrínseca e sucesso mundial. Com o lançamento do novo livro da série, Sol da Meia-Noite, as crepusculetes ressurgiram do baú da nostalgia e, com elas, estava metade da equipe do Vai Lendo. Por isso, precisávamos colocar nossa saudade em palavras. Tudo bem, admitimos que os momentos mais marcantes de Crepúsculo vieram num post com um tom de humor meio sarcástico (mas foi divertido, vai!). Ainda assim, mesmo com todas as piadas, é inegável a importância da saga. E, saber fazer piada com a própria narrativa, sem dúvida, entra nessa questão.
Lançado em 2005, o primeiro livro da série nos apresenta Bella Swan, uma adolescente que se muda do Arizona para a nublada Forks para viver com seu pai, enquanto sua mãe precisa entrar em turnê com seu padrasto. Ao chegar na cidade, ela entra para o ensino médio local e se apaixona instantaneamente pelo misterioso Edward Cullen. Os Cullen, os cinco filhos do médico Carlisle Cullen, são um grupo muito reservado e bem pálido. Os dois dividem olhares curiosos e, bom, assassinos. Com o passar do tempo, Edward e Bella fazem um jogo de gato e rato e, nesse meio tempo, Bella descobre o seu segredo: ele é um vampiro. A partir daí, um romance complicado e uma história mitológica tem seu início.
O sucesso de vendas
Que Crepúsculo foi um mega sucesso mundial todo mundo sabe. Até quem não é leitor sabia o que era o nome Crepúsculo. O jornal USA Today, em 2010, declarou que o primeiro livro da série foi o livro mais vendido da década. Em 2009, a Amazon divulgou que Lua Nova, segundo livro da série, foi o segundo livro mais vendido da plataforma.
A repercussão foi tanta que a adaptação cinematográfica foi praticamente garantida. Com cinco filmes, onde o último livro foi dividido em dois longas, essas produções catapultaram os atores Robert Pattinson, Kirsten Stweart e Taylor Lautner ao posto de queridinhos do mundo naquele momento.
A importância de Crepúsculo
Anos se passaram desde o lançamento dos últimos livro e filme e as crepusculetes meio que adormeceram. O carinho pela série que uniu fãs há uma década, entretanto, nunca morreu. O anúncio do lançamento de Sol da Meia-Noite acabou com a hibernação e trouxe todas nós à ativa e, óbvio, mergulhou a gente na mais pura nostalgia.
O fato é que Crepúsculo pode não ser uma literatura considerada pela crítica como erudita, mas é impensável retirar a sua importância literária para muitas gerações. A história de Bella e Edward começou como uma fonte de curiosidade, afinal precisávamos saber o que era todo aquele “bafafá”. Seguindo essa intenção, muitos leitores ao redor do mundo começaram a adquirir o hábito pela leitura graças à saga de Stephenie Meyer. Lembro que uma professora minha de português falou que, se a leitura de Crepúsculo nos levasse a ler Jane Austen – como levou a muitos a ler Emily Brontë porque a Bella gostava do livro -, a leitura seria válida.
Hoje em dia, nós entendemos que essa fala parece inofensiva, mas não é tanto assim. Crepúsculo nos mostrou que está tudo bem adorar e passar horas lendo best-sellers também. Não tem problema se ele não levar o leitor a conhecer os cânones da literatura mundial. O que importa, de verdade, é o seu prazer com a leitura, que já estará trazendo bons frutos, como uma memória afetiva, melhora na sua escrita e vocabulário, entre outras coisas.
Além disso, é válido destacar que ele abriu as portas para uma leva marcante de livros sobrenaturais: Diários do Vampiro e Academia de Vampiros, sem falar em Fallen e na série Hush Hush. Se não foram escritas na época, ganharam novas edições.
50 TONS
Por falar em abrir as portas, podemos dizer que Crepúsculo também é responsável por outro fenômeno literário: é claro que estamos falando de Cinquenta Tons de Cinza, também publicado pela Intrínseca.
Mas o que o sadomasoquista do Grey, de Cinquenta Tons, pode ter a ver com o vampiro Edward, de Crepúsculo? TUDO!
Acredite se quiser, a inspiração da escritora E.L. James foi justamente a história criada por Stephenie Meyer. E não apenas isso. Cinquenta Tons de Cinza surgiu como uma fanfic de Crepúsculo! E, se Edward e Bella foram os responsáveis por muitos adolescentes e jovens se iniciarem na leitura, podemos dizer que Cinquenta Tons de Cinza não apenas iniciou, mas trouxe de volta outro tipo de público para a literatura: as mulheres mais velhas. E, mais do que isso, levantou o debate sobre a liberdade sexual da mulher na literatura. As mulheres leem, sim, sobre sexo. E as mulheres gostam e podem falar sobre sexo. Sobre livros que tenham sexo. Ponto para Cinquenta Tons de Cinza e, por tabela, mais um ponto para Crepúsculo!
Por tudo isso, é preciso valorizar e reconhecer o papel de Crepúsculo na literatura e na formação de novos leitores. Você pode não gostar. Ninguém é obrigado a gostar de tudo. Mas é preciso respeitar as escolhas e opções dos outros. Cada livro traz uma lembrança, tem um valor pessoal para cada leitor(a). E essa é a grande beleza da literatura.
Post produzido em conjunto com Juliana d’Arêde