Jurassic Park + O Mundo Perdido, de Michael Crichton | Resenha
‘Jurassic Park’ + ‘O Mundo Perdido’: uma aventura nostálgica pelo mundo dos dinossauros.
Que criança e adolescente dos anos 80 e 90 não cresceu assistindo na Sessão da Tarde aos filmes Jurassic Park e O Mundo Perdido? Esses filmes, assim como os famosos Esqueceram de Mim, Lagoa Azul, Karatê Kid, entre tantos outros foram partes muito importantes da minha infância e acredito que de muitos outros leitores. Não se surpreendam se eu ficar um tiquinho nostálgica.
Não tem muito tempo que descobri que os filmes eram, na realidade, baseados em livros e, mesmo ficção científica não sendo meu gênero favorito – porque normalmente não consigo acreditar em nada dos que os autores estão dizendo -, tive uma surpresa sem igual com essa duologia de Michael Crichton. Lançado pela editora Aleph, o box comemorativo de 25 anos de lançamento é simplesmente lindo e cheio de detalhes (a única coisa que me incomodou um pouco foi a falta de orelha nos livros).
Então, vamos lá, e falar um pouquinho mais, individualmente, de cada uma dessas belezinhas.
Jurassic Park
Nesse primeiro volume somos apresentados à idéia da possibilidade de clonagem através de material fóssil deixado pelos dinossauros em nosso planeta e de que podemos “tampar” os buracos da sequência genética deles com pedacinhos de animais ainda existentes e trazê-los de volta à vida. Toda a forma como isso é introduzido logo no início do livro faz com que você compre o plot sem qualquer dúvida, já que o autor apresenta um embasamento científico que jamais vi em nenhum livro antes.
Hammond, o idealizador da idéia, conseguiu fundos com a ajuda de Gennaro, que, a essa altura, está cheio de receios em relação ao projeto. Hammond quer provar que seu projeto genial pode seguir em frente e se tornar uma das maiores atrações do mundo, enriquecendo ainda mais ele e seus investidores, enquanto Gennaro espera que provem que tudo é uma loucura e que deve ser eliminado antes que algo mais grave ocorra. Os dois levam um grupo de especialistas a uma ilha pertencente à Costa Rica. Entre eles estão Malcolm, um matemático teórico que prevê que tudo, em algum momento, vai desmoronar e o doutor em paleontologia Grant e sua assistente, Ellie, uma paleobotânica. Juntam-se a esse grupo duas crianças, os netos de Hammond: Lex, uma menina levemente pentelha, de uns sete ou oito anos, e seu irmão mais velho, Timmy, de 11 anos.
Pensar em um zoológico de dimensões sem iguais, onde as atrações são nada mais nada menos que dinossauros já extintos há mais de 65 milhões de anos é maravilhoso. Mas é lógico que, se tudo corresse 100% bem, não teríamos história, certo?
O autor teve a maestria de juntar todo o seu conhecimento científico e amarrar o enredo de forma a nos fazer acreditar em todos os acontecimentos que ele descreveu e tremer com todas as coisas assustadoras e emocionantes que aconteciam no caminho. O leitor sente que está passando por tudo junto aos personagens e o coração acelera como se estivesse com medo e correndo do perigo.
Jurassic Park é um daqueles livros que prendem do início ao fim, sem deixar o leitor fazer mais nada a não ser ler. Deixei de comer e de dormir só para saber como tudo ia acabar e não fiquei nem um pouco decepcionada. Com um ritmo alucinante de acontecimentos, cenas de tirar o fôlego a quase todo momento e personagens extremamente bem construídos – alguns, inclusive, bem odiáveis -, o livro nos leva para dentro desse universo, de onde não queremos mais sair.
As crianças são, sem dúvida, meus personagens favoritos. São espertos e, ao mesmo tempo, parecem crianças de verdade: fazendo birra, brincando, brigando entre si e reclamando como qualquer criança normal faria. Lex e Timmy roubam a cena toda vez que aparecem.
Fiquei tão fissurada que, agora, esse é o livro que eu recomendo para qualquer um!!
O Mundo Perdido
E cá estamos nós de novo em uma ilha cheia de dinossauros, mas, desta vez, o foco científico do livro não é sobre genética e clonagem e, sim, sobre evolução e extinção. Por que esses animais que pareciam tão bem adaptados ao seu meio ambiente desapareceram todos de uma única vez, há, mais ou menos, 65 milhões de anos? O que fez todos eles morrerem tão rapidamente, se viviam bem em seus habitats? A teoria do meteoro não satisfaz mais os cientistas e uma ilha intocada com os animais vivendo sem interferência externa é um tesouro para o estudo da extinção.
A história se passa em outra ilha que era usada como o laboratório central para o Jurassic Park, para onde os animais só eram transferidos após estarem “perfeitos”. Assim como a ilha do parque, ela foi abandonada depois dos acontecimentos do primeiro livro, e os animais passaram a viver livres e de acordo com sua própria natureza.
Dentre os personagens principais do primeiro livro só temos aqui novamente o matemático Ian Malcolm, que foi convencido após muita conversa a voltar a estar perto desses animais. Temos também outros dois cientistas: Levine, um paleontólogo, e Sarah, uma especialista em predadores da Savana africana. Outros acréscimos à equipe são dois engenheiros que construíram os equipamentos de monitoramento e novamente duas crianças super espertas para apimentar tudo.
Apesar desse segundo volume ter um ritmo mais lento no início, do meio para o final, começa uma correria enlouquecida para a sobrevivência que faz toda a parte descritiva e devagar valer a pena. Nele também temos um foco maior na anatomia e no comportamento dos animais, se apegando a alguns detalhes que foram deixados de lado no primeiro volume e nos ensinando ainda mais.
Novamente, as crianças da história são as melhores personagens que o autor construiu e deixam qualquer um dos adultos no chinelo em questões de personalidade e de esperteza.
Com certeza, o autor conseguiu uma façanha de poucos: trazer uma continuação que está em pé de igualdade com a qualidade do trabalho do primeiro livro da série.
Título: Box Jurassic Park 25 anos | Autor: Michael Crichton | Tradutor:
| Editora: Aleph | Páginas: 1016