Entrevista: Graciela Mayrink
O Vai Lendo conversou com Graciela Mayrink, autora de ‘Até Eu Te Encontrar’ e ‘A Namorada do Meu Amigo’, que irá lançar o seu novo livro, ‘Quando o Vento Sumiu’, na Bienal do Livro 2015, pela L&PM Editores
Sabe aquela sensação de já ter visto ou vivido determinada cena/situação? Ou, então, conhecer uma pessoa e já se sentir íntima, como se vocês tivessem se conhecido há muito tempo e ela conseguisse entender você como ninguém? Pois é o que você sente ao ler os livros de Graciela Mayrink, autora de Até Eu Te Encontrar e A Namorada do Meu Amigo, que lança a sua terceira obra, Quando o Vento Sumiu, pela L&PM Editores. Com o aconchego do interior de Minas Gerais, local em que são situados os seus primeiros romances, a escritora apresenta tramas tão verdadeiras que não é difícil o leitor criar uma identificação logo nas primeiras páginas. Agora, em sua primeira história no Rio de Janeiro – cidade natal da autora -, Graciela traz também os conflitos dos jovens que vivem em uma cidade grande. Em conversa com o Vai Lendo, ela, que é formada em Agronomia, contou como foi essa transição para a literatura e suas expectativas para o lançamento de Quando o Vento Sumiu e principalmente para a sua participação na Bienal do Livro do Rio de Janeiro 2015.
“Eu decidi levar a escrita como profissão por insistência da minha irmã”, explicou. “Desde pequena que escrevo, mas nunca havia pensado em publicar, até que ela começou a insistir, dizendo que meu texto era bom e que outras pessoas mereciam conhecer meu trabalho. Eu achava que ninguém ia gostar do que eu escrevia, então, levei um ano pensando no assunto, enquanto ela ia me convencendo aos poucos. Na época da faculdade, como estava em Minas, longe dos meus familiares e amigos, comecei a escrever histórias longas, de mais de 200 páginas. Foi a época que definiu meu estilo de escrita e história. A transição foi fácil, não cheguei a trabalhar na área da Agronomia. Quando terminei a universidade, trabalhei com a minha irmã em um site de automobilismo que mantivemos por oito anos. Como escrever sempre foi um hobby, algo que eu fazia praticamente todos os dias, a rotina não foi alterada bruscamente quando mudei de uma área para a outra”.
Em Quando o Vento Sumiu, Graciela nos faz refletir sobre as nossas próprias escolhas e suas consequências. A história apresenta um trio de amigos inseparáveis desde o colégio, mesmo que cada um tenha as suas diferenças e seus problemas pessoais. A partir da jornada dos três, e o desenrolar de acontecimentos diversos, a autora nos remete à questão do que faríamos se pudéssemos alterar o final de nossas histórias. E, para quem quer saber o que a própria Graciela faria, ela respondeu:
“Provavelmente as principais escolhas eu manteria porque foram elas que me trouxeram aqui”, garantiu. “Mas teria estudado mais (ops), talvez, deixado de ir a alguma festa onde vi o carinha que gostava com outra (risos), esse tipo de escolha. Mas curso de faculdade, cidade onde morei, os períodos onde decidi mudar de carreira, isso eu manteria”.
Com sua primeira história numa cidade grande, a escritora ressaltou que foi preciso adaptar as rotinas para essa realidade urbana, o que a fez planejar profundamente as personalidades e características dos personagens. Ainda que, segundo a autora, a nova trama apresente uma carga dramática maior, em relação aos livros anteriores, ela afirmou ter se preocupado em manter a sua própria essência, já conhecida e bem recebida pelos leitores.
“Eu gosto de escrever histórias no interior de Minas, onde passei minha infância, adolescência e época de universidade”, confirmou. “É algo em que me sinto confortável, que conheço o dia-a-dia. Agora, tive que adaptar as tramas e as rotinas de personagens para uma cidade grande. É preciso planejar, os personagens dependem de carro e outros meios de transporte. Não dá para ficar toda hora na casa dos amigos por causa do trânsito, estudos, estágios. Numa cidade menor, a rotina é mais tranquila, não há tanto trânsito e muitos amigos você pode visitar a pé, então, é outro estilo de vida. Quando escrevo, sinto que estou seguindo na mesma linha dos anteriores, mas espero que os leitores achem o novo livro melhor que os outros (risos). Agora, é uma história um pouco mais séria, com uma pitada a mais de drama, mas espero ter mantido a ‘essência Graciela Mayrink'”.
Influenciada por nomes como Pedro Bandeira, Anne Rice, Fernando Sabino e Luis Fernando Veríssimo, Graciela – que também é fã de Bernard Cornwell, John Grisham, Nicolas Sparks, Nick Hornby, Halan Coben e Chris Melo -, disse que, apesar do teor pessoal das histórias, pouco leva de sua vida para as tramas – a não ser o nome da protagonista de seu primeiro livro, Flávia, de Até Eu Te Encontrar, uma homenagear à sua irmã e principal incentivadora e admiradora. Para os leitores, no entanto, seus livros servem de inspiração e estímulo para que possam superar os seus conflitos apresentados pela escritora em suas páginas.
“Eu recebo muitos recados de pessoas que se identificaram com personagens ou algo que acontece nos livros e adoro isso”, comemorou Graciela. “Não é nada deliberado ou planejado, apenas gosto de escrever histórias comuns, que acontecem com as pessoas, e, por isso, existe a identificação. Muita gente passa ou já passou pelo que eu escrevo e alguns conseguem uma ajuda com minhas histórias. Isso é algo positivo, gosto de ajudar, mesmo de forma não planejada. Por exemplo, em A Namorada do Meu Amigo, houve um retorno grande de pessoas envolvidas nas situações do livro, e um garoto que perdeu a namorada para o amigo dele disse que, depois de ler o meu livro, conseguiu entender melhor os dois e aceitar de forma menos sofrida a traição”.
Graciela, que estará na Bienal e irá participar de um bate-papo, no espaço Cubovoxes, com a também escritora Lu Piras, mediado por Chris Melo, no dia 5 de setembro, exaltou a realização dos eventos literários, principalmente pela aproximação que eles permitem ter com os leitores, possibilitando assim um retorno rápido e verdadeiro do público em relação às obras.
“Acho muito legal o aumento dos eventos literários”, disse. “Antigamente, você não tinha tanto contato com o autor, apenas nos lançamentos de livros, além das feiras e bienais. Agora, quase todo fim de semana tem um evento, e é uma forma de divulgar a leitura e trazer o jovem e seus pais para dentro de uma livraria. Melhor do que ficar fazendo besteiras pela rua (risos). Eu amo bienais, feiras e eventos, adoro encontrar os leitores, saber o que acharam dos meus livros (e de outros) e o que esperam dos próximos lançamentos. Estou muito animada para a Bienal deste ano porque trago um livro que escrevi em um período difícil (no final de vida da cachorrinha da minha irmã) e também estou muito ansiosa para saber o que os leitores vão achar dele”.
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