Rio recebe o 1º Festival das Livrarias
1º Festival das Livrarias do Rio de Janeiro, idealizado pela Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro, com o apoio do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, reúne poesia, história, música e muita leitura
Um leitor que se preze tem as livrarias como o seu “templo sagrado”, digamos assim. Aquele paraíso literário onde podemos nos perder por horas no meio das mais variadas estantes de livros. Quem nunca passou algum tempo totalmente imerso e perdido nesse lugar onde nos sentimos praticamente em casa? Esses estabelecimentos já são uma tradição não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o país e também no mundo. Porém, infelizmente, nos últimos anos, as livrarias têm passado por um momento difícil no mercado e, muitas delas – algumas, inclusive, bastante conhecidas -, fecharam suas portas. Por isso mesmo, o 1º Festival das Livrarias do Rio surge como um novo sopro de esperança para ajudar a divulgar não apenas os estabelecimentos, mas principalmente lembrar de sua importância e papel fundamental na formação de novos leitores e no mercado editorial brasileiro. Até o dia 31 deste mês, livrarias por toda a cidade abrem as portas para debates, mostras, shows, sarais e muita, mas muita leitura, transformando a experiência literária.
Idealizado pela Associação Estadual de Livrarias do Rio de Janeiro (AEL/RJ), com o apoio do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), o evento acontece nas lojas de redes de livrarias como a Cultura, Saraiva, Travessa, além da Arlequim, Buriti e Folha Seca. Em conversa com o Vai Lendo, Kleber Oliveira, assessor de imprensa do Festival, contou que a iniciativa partiu de Glaucio Pereira, diretor da AEL, para fortalecer o elo entre editoras, livrarias e autores, os chamados “três elos principais da cadeia produtiva do livro”.
“Geralmente, temos as feiras literárias, mas a livraria fica de fora e, dessa vez, a livraria é o ponto de encontro de autores e editores”, explicou. “O objetivo é colocar também a livraria como um espaço vivo, num momento em que se questiona a permanência delas como ponto de vendas. Se fala muito em internet, livro digital, mas vemos que elas ainda estão por aí e devem continuar por muito tempo. Elas não vão acabar, mas se transformar”.
Para ele, inclusive, essa é a tendência para as livrarias: se diversificar para ampliar a área de interesse dos leitores e suprir uma demanda cada vez maior por serviços diferenciados. Kleber ainda ressaltou que o surgimento do livro digital não chega a ameaçar a existência dos estabelecimentos, uma vez que, segundo ele, o formato representa apenas 2% da produção, aqui no Brasil.
“As duas mídias, o livro tradicional e o digital, vão conviver, da mesma forma que a TV convive com o cinema”, afirmou. “Algumas livrarias tradicionais acabam, mas surgem novas com o perfil mais moderno. Não vendem mais apenas livros, mas artigos de papelaria, presentes. A tendência das livrarias é diversificar. Elas não vendem mais só livros, mas outros produtos culturais. Elas também estão se abrindo mais para a comunidade. Para ter a participação das pessoas, do entorno, através de eventos, como debates e outros. Elas vão sobreviver, porque os livros também continuam”.
Como presença confirmada de nomes como Celina Portocarrero, Chico Alencar, Clóvis Bulcão, Eduardo Spohr, Muniz Sodré, Rafael Montes, Ruy Castro, entre outros, o festival teve curadoria feita pelas próprias livrarias – que precisavam ser associadas a AEL/RJ para participar -, com o apoio de Suzana Vargas, diretora da Estação das Letras, que organizou boa parte dos eventos, procurando adequá-los a cada estabelecimento. Kleber disse também que o objetivo é realizar novas edições do festival, com melhorias e maior apoio dos parceiros. E, segundo ele, para que seja possível reverter esse quadro um tanto quanto instável das livrarias no mercado o principal a ser feito é a aprovação pelo congresso da Lei do Livro.
“Essa lei já existe na França, na Argentina, entre outros países, e regulariza o preço do livro”, declarou. “Em qualquer livraria, ponto de venda, o livro novo que acabou de ser lançado tem que ser vendido a um único preço, durante um ano, um ano e meio, mais ou menos. Não pode ter desconto. O que acaba com as livrarias são as redes que têm condição de comprar um livro em grande quantidade e vender a um preço menor. E a chegada da Amazon, por exemplo, uniu os editores que eram contra essa lei aos livreiros, que sempre foram a favor”.
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