Quotes: A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath
O livro A Redoma de Vidro, de Sylvia Plath, publicado pela Biblioteca Azul, me marcou em inúmeros aspectos, como destaquei na resenha publicada na última terça-feira (2), aqui no Vai Lendo. Um deles foi a profundidade e a sensibilidade do texto, que me fizeram mergulhar, como nunca, na mente de uma jovem depressiva. Uma experiência única e marcante, que gostaria de compartilhar com vocês através de alguns trechos do livro que mais mexeram comigo. Uma amostra do talento de Plath!
“Me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve se sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.” (Posição 46 – Kindle)
“O silêncio me deprimia. Não era o silêncio do silêncio. Era o meu próprio silêncio.” (Posição 260 – Kindle)
“As pessoas são feitas de nada mais que poeira, e eu não conseguia entender como tratar de toda aquela poeira era melhor do que escrever poemas que as pessoas lembrariam e repetiriam para si mesmas quando estivessem tristes, doentes ou insones.” (Posição 757 – Kindle)
“A ideia de que eu poderia acabar morta desabrochou com indiferença em minha cabeça, como uma árvore ou uma flor.” (Posição 1296 – Kindle)
“Comecei a entender como os misóginos conseguiam fazer as mulheres de bobas. Eles eram como deuses: invulneráveis e poderosos. Eles desciam à terra e desapareciam. Era impossível colocar as mãos neles.” (Posição 1440 – Kindle)
“O dr. Gordon colocou duas placas de metal nas minhas têmporas, prendeu-as com uma tira que apertava a minha testa, e me deu um fio para morder. Fechei os olhos.
Houve um breve silêncio, como uma respiração suspensa.
Então alguma coisa dobrou-se sobre mim e me dominou e me sacudiu como se o mundo estivesse acabando. Ouvi um guincho, iiii-ii-ii-ii-ii, o ar tomado por uma cintilação azulada, e a cada clarão algo me agitava e moía e eu achava que meus ossos se quebrariam e a seiva jorraria de mim como uma planta partida ao meio.
Fiquei me perguntando o que é que eu tinha feito de tão terrível.” (Posição 1935 – Kindle)
“… onde quer que eu estivesse – fosse o convés de um navio, um café parisiense ou Bangcoc -, estaria sempre sob a mesma redoma de vidro, sendo lentamente cozida em meu próprio ar viciado.” (Posição 2501 – Kindle)
“Odeio a ideia de ficar sob a tutela de um homem – eu havia dito à dra. Nolan. – Um homem não tem preocupação nenhuma no mundo, enquanto possibilidade de ter um bebê paira sobre a minha cabeça como uma espada, me fazendo andar na linha.” (Posição 2979 – Kindle)
“Para a pessoa dentro da redoma de vidro, vazia e imóvel como um bebê morto, o mundo inteiro é um sonho ruim.” (Posição 3189 – Kindle)
“Sempre imaginei que no dia da minha saída eu estaria segura e consciente de tudo o que viria pela frente – afinal de contas, eu havia sido ‘analisada’. Tudo o que eu via diante de mim, no entanto, eram pontos de interrogação.” (Posição 3285 – Kindle)