Resenhas

A Troca, de Beth O’Leary | Resenha

‘A Troca’: a felicidade não tem idade!

Cada um tem o seu tempo. Cada um sabe das suas dores e a maneira de lidar com elas. Nunca é tarde para recomeçar, para se redescobrir e seguir em frente. Essa é a principal mensagem que Beth O’Leary nos deixa em A Troca, seu novo livro, que integrou a caixa 024 do Intrínsecos, o clube de assinatura da editora Intrínseca, e que tem lançamento nacional previsto para novembro.

A história nos mostra as jornadas de Leena Cotton, de 29 anos, e Eileen Cotton, de 79. Neta e avó necessitam de uma reviravolta, de uma mudança brusca em suas vidas. Leena precisa se reencontrar, enquanto Eileen sonha em viver um grande amor. Para isso, elas resolvem trocar de lugar uma com a outra. Totalmente urbana e workaholic, Leena tem que desacelerar, mas não tem certeza se conseguirá se adaptar à calmaria da pequena cidade em que a avó vive. Já Eileen poderá finalmente realizar um sonho de juventude que havia deixado para trás ao chegar em Londres para dividir o apartamento com dois amigos da neta e se cadastrar num site de relacionamentos. E, para sua surpresa, descobre que a vida na cidade grande pode não ser tão intimidadora nem complicada. Com essa troca de rotinas, Leena e Eileen podem finalmente encontrar o rumo de suas vidas.

Conhecendo (e me encantando por) Beth O’Leary

Eu não conhecia a escrita de Beth O’Leary. Infelizmente ainda não tive a oportunidade de ler Teto Para Dois (algo que eu pretendo fazer logo!), mas o que eu posso dizer depois de concluir a leitura de A Troca é: Beth, você ganhou uma fã. Leal. Nesta resenha eu assumo o compromisso de levar a palavra de Beth para o maior número de leitores possível. Porque todos precisam ter o prazer de ler o que ela escreve. De se divertir, de pensar e de se emocionar com as suas obras. A Troca era o livro que eu precisava. E é mais um que eu levarei para a vida. A escrita de Beth é deliciosa, leve, extremamente humana e natural. Através de Leena e Eileen, a autora nos oferece um misto de emoções e de reflexões sobre a nossa própria vida, sobre as nossas escolhas e possibilidades.

Preciso me controlar para não me estender muito a ponto de dar spoilers, mas é incrível como Beth conseguiu conversar e se aprofundar num tema tão intrínseco e, ao mesmo tempo, latente ao ser humano. Porém, ela não se prende a estereótipos ou ao drama. Pelo contrário. Há muita verdade e esperança em suas palavras. Eu entendi e me conectei profundamente tanto com Leena quanto com Eileen.

Personagens marcantes

Leena, com seu jeito intenso, quase inflexível, mergulhou no trabalho para esquecer e se provar. Confesso que, às vezes, foi difícil aceitar e engolir certas atitudes, principalmente no que diz respeito à relação com a sua mãe, mas Beth é implacável na condução da narrativa. Na construção e na evolução das personagens. Que linda a transformação, ou melhor, a reinvenção de Leena na pequena cidade da avó. E, por falar em avó, minha nossa, o que é Eileen. Eu tenho TANTO para falar sobre ela e, ao mesmo tempo, me faltam palavras para descrever a magnitude dessa personagem. A importância de Eileen. Eu estou simplesmente apaixonada por ela. Digo, sem o menor exagero, que Eileen é uma das melhores coisas que eu já tive o prazer de ler na minha vida. Ousada, carismática, divertida, inteligente, antenada. Sensível. São tantos os adjetivos. Como eu aproveitei cada palavra de seus diálogos, cada cena. Eileen é um afago no coração, um bálsamo. Mesmo com os percalços da vida, ela tem uma alegria de viver, de ajudar o próximo, de aproveitar ao máximo cada momento. Eileen contagia e emociona. Como eu gargalhei (de verdade) e chorei. Queria que Eileen existisse para ser amiga da minha avó. Certeza de que as duas iriam aprontar muito! Mal posso esperar para ela ler esta história.

E não são apenas Leena e Eileen que tornam A Troca um livro tão especial. Meu coração também tem um lugar bem quentinho para os moradores da pequena cidade de Hamleigh. Todos eles. Que representação de comunidade, de solidariedade, de altruísmo, de sororidade e empatia. A minha vontade foi fazer como Leena, pegar as minhas malas e passar um tempo com eles. Mas Londres também tem seus momentos. Todos, claro, conduzidos por Eileen. A Troca está além do romance. É um livro que mexe lá dentro. Que fala sobre família, superação e aceitação. Sobre encontrar o seu lugar no mundo. Aceitar que não conseguimos controlar tudo e está tudo bem. Que podemos seguir em frente. Que temos força, coragem. Mesmo que, num primeiro momento, não as encontremos. Que a saudade é eterna, mas não precisa vir carregada de dor. E, por falar em dor, A Troca nos mostra também que ela está lá e não podemos fugir. Acima de tudo, temos o direito de senti-la, de viver essa etapa. Mas também nos diz que somos capazes de vencê-la. E de sermos felizes. Porque todos nós merecemos ser felizes. De qualquer forma. Em todas as idades. A Troca foi um livro que, assim que eu terminei, queria abrir de novo e recomeçar a leitura.

Título: A Troca | Autor: Beth O’Leary | Tradutora: Ana Rodrigues |Editora: Intrínseca | Páginas: 352

Jornalista de coração. Leitora por vocação. Completamente apaixonada pelo universo dos livros, adoraria ser amiga da Jane Austen, desvendar símbolos com Robert Langdon, estudar em Hogwarts (e ser da Grifinória, é claro), ouvir histórias contadas pelo próprio Sidney Sheldon, conhecer Avalon e Camelot e experimentar a magia ao lado de Marion Zimmer Bradley, mas conheceu Mauricio de Sousa e Pedro Bandeira e não poderia ser mais realizada "literariamente". Ainda terá uma biblioteca em casa, tipo aquela de "A Bela e a Fera".

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