Reflexões Literárias

Papel ou digital: difícil escolha?

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A primeira vez que tive contato com um leitor de e-book foi há um ano, quando um amigo viciado em tecnologia me apresentou ao produto. No começo, tive certo receio, pois o equipamento, um Kindle, era muito leve e a tela, pequena. A sensação era de estranhamento. Acostumado com o papel, e um pouco contrariado com a ideia de ler em outro meio, achei que jamais teria interesse na novidade pelo simples fato de eu não conseguir me adaptar.

É engraçado pensar em dificuldade de adaptação, quando você não tem nem trinta anos, mas, por menor que seja a nossa resistência ao novo, ela existe, pelo simples fato de significar uma mudança em nosso cotidiano.O interessante no uso de leitores de livros digitais é que a fascinação da minha geração pela tecnologia sofre um bloqueio neste seguimento específico. Principalmente por parte dos leitores mais “fiéis” que não abrem mão das suas prateleiras lotadas de obras.

 Em relação a uma biblioteca pessoal, nunca tive interesse em construir uma. Pelo contrário, minha síndrome de aversão a acumuladores não permite que eu anseie por uma grande quantidade de um mesmo objeto. É claro que alguns títulos me marcaram, e destes eu não me desfaço. Mas penso que um livro não é apenas um aglomerado de papel repleto de palavras e frases. É uma história que nos envolvem, através de seus personagens e tramas, e fornecem conhecimento e entretenimento.

 “Será que o suporte faz alguma diferença?”. Essa pergunta me rondou a cabeça durante o último ano. Eu não tinha interesse em acumular exemplares, então, qual seria o meu problema com os digitais? Será que era só o cansaço da vista, que eu usava como desculpa, sem nunca ter testado o aparelho, ou tinha a ver com um conceito mais complexo de livros e da prática da leitura (como folhear as páginas)?

Quando comecei a ler o primeiro, e pesado, volume de As crônicas de Gelo e Fogo, me deparei com um problema: a dificuldade de carregar o livro na mochila ou, até mesmo, pegá-lo para ler em momentos de ócio. Estes fatores, além de um confronto de pensamentos sobre o que seria um livro, alimentaram o meu desejo por experimentar um e-book. Até que não resisti e finalmente comprei um Kindle.

Como sempre, tudo é uma questão de costume. Constatei que grande parte da minha aversão era, de fato, pautada por preconceitos ao novo. O cansaço da vista era algo infundado, obviamente. Tomei esta verdade sem ao menos ler algum texto. O legal desta experiência é que você pode armazenar uma série de histórias e carregá-las para todos os lugares, incluindo material de estudo.

 Meu único problema de adaptação está relacionado ao uso do leitor de e-books para o estudo. Para mim, não foi tão simples marcar ou fazer anotações, o que me faz optar ainda por papel, nesta situação. O teclado do leitor, pelo menos do meu, também é pouco funcional. Mas, hoje em dia, já há diversos modelos mais modernos, com funções variadas para melhorar a navegação e a experiência dos usuários. As empresas certamente devem investir na melhora deste produto para ajudar a difundir este novo hábito. Sabendo aproveitar, ele também pode ser muito rentável.

Mais fácil que comprar no site, é baixar em e-book. A aquisição é totalmente impulsiva. Basta navegar pela biblioteca digital, ver um amostra e, com um clique, adquirir o livro para a sua coleção. Você não corre nem o risco de desistir do conteúdo adicionado ao carrinho no preenchimento dos dados, já que o cartão de crédito fica cadastrado no site.

 O aumento de leitores de e-books é um fato. No entanto, ao contrário de outras indústrias, como a da música e do audiovisual que sofreram uma verdadeira reviravolta com a evolução da tecnologia, o mercado editorial parece estar acompanhando estas transformações de maneira moderada. Talvez, devido à desconfiança de leitores mais conservadores ou à simples falta de costume. É difícil prever o futuro do livro e como continuará se desenvolvendo o processo de aceitação dos e-books, mas, ao que tudo indica, a digitalização ganha cada dia novos adeptos. Como bons leitores, continuamos acompanhando a história, e aguardaremos os próximos capítulos.

Por Daniel Lanhas

Apaixonado por histórias, tramas e personagens. É o tipo de leitor que fica obsessivamente tentando adivinhar o que vai acontecer, porém gosta de ser surpreendido. Independente do gênero, dispensando apenas os romances melosos, prefere os livros digitais aos impressos, pois, assim, ele pode carregar para qualquer lugar.

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